É o conjunto de reacções Químicas que ocorrem numa célula.
· Catabolismo – moléculas complexas são convertidos em moléculas mais simples, com libertação de energia.
· Anabolismo – Síntese de moléculas complexas a partir de moléculas simples, com gasto de energia.
As reacções de catabolismo e de anabolismo relacionam-se de tal modo que a energia libertada pelas primeiras é utilizada pelas segundas.
A ocorrência de uma reacção química implica a ruptura de ligações químicas nas moléculas dos reagentes e a formação de novas ligações químicas que dão origem aos produtos da reacção.
A energia que é necessário fornecer ao sistema para se iniciar uma reacção química é a energia de activação.
Catalisadores Biológicos
As reacções químicas que ocorrem nas células envolvem moléculas muito estáveis e cuja energia de activação é elevada.
Não pode ser o calor a fornecer a energia de activação uma vez que causaria a desnaturação das proteínas e a morte celular.
As enzimas são biocatalisadores que intervêm no metabolismo celular:
· Diminuem a energia de activação e, consequentemente, aumentam a velocidade das reacções químicas.
· Não são destruídas nas reacções químicas que catalisam nem alteram os seus equilíbrios químicos;
· São moléculas proteicas, com conformação tridimensional. Algumas possuem elementos não proteicos.
· São específicas.
· A sua actividade é influenciada por factores ambientais, como a temperatura, o pH ou a presença de outras substâncias.
Vias Metabólicas
A sequência de enzimas que funcionam em cooperação num conjunto de reacções constitui uma cadeia enzimática.
O conjunto ordenado de reacções que ocorrem com intervenção de uma cadeia enzimática é uma Via Metabólica.
As enzimas são proteínas com uma conformação tridimensional e possuem uma região através da qual se estabelece a ligação ao substrato – o centro activo.
O centro activo corresponde geralmente, a uma reentrância na molécula da enzima onde se localizam determinados aminoácidos.
A ligação do substrato ao centro activo da enzima forma o complexo enzima-substrato.
As ligações que se estabelecem no complexo enzima-substrato são fracas, mas suficientes para desencadear a conversão do substrato em produtos.
Os produtos deixam o centro activo e a enzima fica livre para catalisar a transformação de outro substrato.
Nas reacções químicas catalisadas por enzimas verifica-se ao longo do tempo:
· A diminuição, seguida de estabilização da concentração de enzima livre;
· O aumento, seguido de estabilização da concentração do complexo enzima-substrato;
· O aumento da concentração do produto.
Mecanismo de acção enzimática
Quando a velocidade de formação do complexo enzima-substrato iguala a velocidade de dissociação, as concentrações de enzima livre e de complexo enzima-substrato estabilizam.
A complementaridade entre o substrato e o centro activo da enzima está na origem da especificidade da acção enzimática.
· Especificidade Absoluta – a enzima actua apenas sobre um determinado substrato.
· Especificidade Relativa – a enzima actua sobre um conjunto de substratos química e estruturalmente relacionados.
Proposto por Fisher (1890), considera o centro activo da enzima uma estrutura rígida e pré-complementar do substrato.
O substrato ajusta-se ao centro activo da enzima como uma chave se ajusta á sua fechadura.
Este modelo está em sintonia com a especificidade absoluta.
Proposto por Koshland (1959) considera que o centro activo da enzima interage, de uma forma dinâmica, com o substrato, ajustando-se a ele quando se estabelece a ligação.
Este novo modelo permitiu explicar a especificidade relativa de algumas enzimas.
Certas enzimas estão associadas a elementos não proteicos essenciais á sua actividade – os cofactores.
Nestes casos, a região proteica da enzima designa-se apoenzima, e a associação entre apoenzimas e cofactores designa-se holoenzima.
Os cofactores podem ser:
· Iões metálicos, como o Magnésio (Mg2+) ou o Ferro (Fe2+);
· Moléculas orgânicas designadas coenzimas, como certas vitaminas do complexo B.
As substancias capazes de provocar uma diminuição da actividade das enzimas designam-se inibidores enzimáticos.
Os inibidores podem apresentar diferentes mecanismos de actuação.
Inibição Irreversível
O inibidor combina-se permanentemente com a enzima, através de ligações covalentes, tornando-a inactiva ou provocando a sua destruição.
Muitos venenos são inibidores enzimáticos irreversíveis, como é o caso de DDT, do mercúrio, do cianeto, etc..
O inibidor combina-se temporariamente com a enzima, através de ligações fracas.
A inibição reversível pode ser competitiva ou não competitiva.
Inibição Competitiva
O efeito da inibição dobre a velocidade da reacção depende da concentração relativa de substrato e de inibidor.
Inibição não competitiva (ou alostérica)
O inibidor é uma molécula estruturalmente diferente do substrato e liga-se à enzima num local (centro alostérico) que não corresponde ao centro activo.
Esta ligação do inibidor á enzima provoca a alteração da conformação do centro activo, de tal modo que impede a ligação do substrato.
A inibição não competitiva é utilizada na regulação das vias metabólicas.
Factores que influenciam a actividade enzimática
· Temperatura;
· pH;
· Concentração do substrato;
· Concentração da enzima;
· Inibidores.
As enzimas são activas num determinado intervalo de temperatura.
Inicialmente, a actividade enzimática aumenta com a temperatura devido ao incremento de colisões entre o substrato e a enzima.
A actividade enzimática é máxima à temperatura óptima.
Acima da temperatura óptima, a actividade enzimática diminui rapidamente – a agitação térmica dos átomos destabiliza as ligações químicas e a conformação da molécula altera-se.
Ao contrário das temperaturas elevadas, as baixas temperaturas causam a inactivação das enzimas, mas não as destroem.
A actividade é retomada em valores de temperatura mais elevados.
pH
O pH do meio influencia a conformação do centro activo da enzima e consequentemente, a sua interacção com o substrato.
Estando os centros activos ocupados atinge-se o seu ponto de saturação pelo que a actividade enzimática estabiliza, uma vez que a taxa de formação de novas ligações ao substrato é igual á taxa de separação dos produtos.
A presença de inibidores diminui a actividade enzimática. Os efeitos dependem do tipo de inibição:
· Inibição Irreversível – ao aumento da concentração de inibidor corresponde a diminuição da actividade enzimática, dado que os centros activos da enzima vão ficando progressivamente bloqueados.
· Inibição Reversível Competitiva – o aumento da concentração de substrato permite aumentar a actividade enzimática, dado que cada vez mais centros activos passam a ser ocupados pelo substrato.
· Inibição Reversível não Competitiva – A actividade enzimática diminui com o aumento da concentração do inibidor. O aumento da concentração do substrato não tem qualquer efeito.
As vias metabólicas são, geralmente, reguladas por moléculas que se comportam como inibidores reversíveis não competitivos.
Estas moléculas ligam-se a um centro alostérico da primeira enzima da via metabólica e alteram a sua conformação. O resultado dessa alteração pode ser a inibição ou a activação da enzima.
Frequentemente, é o produto final de uma via metabólica, quando se acumula em excesso, que inibe a primeira enzima, por ligação ao centro alostérico.
Quando a concentração de produto final diminui, este liberta-se do centro alostérico e a enzima retoma a actividade, fazendo aumentar de novo a concentração do produto final.